segunda-feira, 31 de agosto de 2015

RECESSÃO: A POPULAÇÃO E A POLÍTICA ECONÔMICA (RECESSION: POPULATION AND ECONOMIC POLICY)




Agora é oficial, mas que na prática todo mundo já sabia: entramos em recessão! O produto interno bruto, também chamado de PIB, reduziu em 1,9% no segundo trimestre segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. No primeiro trimestre do ano esta redução foi de 0,7%.  Somente o PIB da indústria recuou 4,3% e os investimentos no setor produtivo são os menores desde 1996. Até mesmo o setor agropecuário, o salvador da balança comercial brasileira nas exportações, caiu em 2,7%.  Associado a este caos econômico temos todos os dias milhares de pessoas pelo país, perdendo seus empregos. Podemos dizer que também estamos vivendo o caos social.
Não sou economista, mas o assunto é de grande importância para todos, pois a nossa sobrevivência e a de nossas famílias depende do nosso trabalho e da remuneração que temos por ele. O ciclo econômico, apesar de complexo, é muito claro: uma fábrica só aumenta a sua produção, número de empregados e vendas se tiver uma população com dinheiro para comprar. A população, por sua vez, só terá dinheiro para comprar se trabalhar e for remunerada por isto. Se todo mundo começar a demitir não teremos uma população para comprar e, automaticamente, o setor produtivo fica estagnado. No meio desta dinâmica fica o governo, arrecadando impostos para manter a infra estrutura básica do pais. Se a economia brasileira esfria, a arrecadação do governo também reduz e ai fica difícil pagar das contar e manter os investimentos. Imaginem uma dança com cem pessoas ao mesmo tempo em um ritmo sincronizado e se uma errar todas caem. A nossa economia é assim:  frágil e altamente dependente do conjunto do sistema econômico.
Com uma política econômica frágil de ações equivocadas e irresponsáveis e políticos que tomam decisões não pensando na população mas, em prejudicar seus opositores, qual empresário vai querer gastar bilhões de dólares em investimentos aqui no Brasil? Vamos fazer um comparativo com a nossa realidade: Você teria coragem de investir o dinheiro, que você ganhou com o suor do seu trabalho, em um banco da Etiópia ou um banco da Inglaterra? Mesmo com o banco Inglês rendendo menos que o banco da Etiópia, a garantia da economia levará você a investir seu dinheiro no Banco Inglês. 
Qualquer gestor público razoável verifica que para o Governo aumentar a arrecadação de impostos ele precisa aquecer a economia com incentivos e políticas econômicas claras, mas o que acontece: aumenta-se os impostos a serem cobrados de uma população que já está descapitalizada, ou seja, desempregada e sem dinheiro, empurrando esta parte da população marginalizada para a informalidade e a sonegação.

Infelizmente, no Brasil, a população não é prioridade nos processos decisórios dos governantes, mas as questões político partidárias, o famoso toma lá, dá cá. Nós só somos convocados para pagar a conta do rombo que eles mesmos são responsáveis, aumentando a carga tributária que já é uma das maiores do mundo. Você sabia que trabalha cinco meses do ano só para pagar impostos? Como diria meu professor na época de Universidade : “É bom pensar!”

sábado, 15 de agosto de 2015

DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS (NEGLECTED TROPICAL DISEASES)



 

A esquistossomose é uma doença de ocorrência nas regiões tropicais que teve origem no continente africano, na região leste do Mediterrâneo e que, durante o período do tráfico de escravos, desembarcou nas Américas. Atualmente é identificada em diversas regiões como o Caribe, a Venezuela e principalmente, o Brasil. Atualmente, encontra-se a doença em quase todos os estados do Brasil, mas, em situação mais alarmante são os estados do Nordeste e, no Sudeste, Minas Gerais, nas regiões Norte, Noroeste e Leste do Estado. Em algumas áreas rurais a incidência da doença atinge 90% da população. Isto acontece porque atinge pessoas pobres sem disponibilidade de saneamento.
O verme, chamado Schistossoma, precisa passar por vários estágios e fases para se desenvolver e completar o seu ciclo. Para isto precisa de dois parceiros, também chamados de hospedeiros, muito importantes: o caramujo que vive nos rios e lagos e o homem. Sem eles o ciclo não se completa. Na fase larval jovem o Schistossoma invade o organismo do caramujo e permanece lá durante alguns meses se desenvolvendo. Após este período os milhares de parasitas, chamados de cercarias,  saem do corpo do caramujo, maiores e mais desenvolvidos, prontos para invadir o próximo hospedeiro que podem ser animais mamíferos e aves, mas o seu principal hospedeiro é o homem. Quando um cidadão adulto ou crianças desavisadas entram na água dos rios ou lagos contaminados estes parasitas penetram pela pele, caindo na corrente sanguínea, e aí, um abraço! Eles iniciam a colonização do corpo do homem, seus órgãos internos, acasalando e produzindo ovos que serão liberados pelas fezes do homem. Estes ovos, se atingirem as águas dos rios e lagos, iniciam um novo ciclo. Enquanto isto a pessoa infectada sofre com os sintomas da infecção do parasita como febre, diarreia, vômitos agravando com o tempo com o inchaço de diversos órgãos internos como o fígado podendo sofrer também hemorragia interna. Como parasita esperto ele raramente mata o seu hospedeiro permanecendo dentro dele por longos períodos mas as pessoas ficam extremamente debilitadas, fracas, sem condições de realizar suas tarefas como trabalhar e estudar.
Mas como resolver o problema? Saneamento! O grande problema encontra-se nas cidades do interior e nas comunidades rurais que não possuem abastecimento de água potável ou tratada, onde seus esgotos são descartados diretamente nos rios. Nestas comunidades a água dos rios sem tratamento são utilizadas para o banho, lavar a roupa, beber e despejar seus esgotos, principalmente as fezes contaminadas.  No Brasil são aproximadamente 26 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco e aproximadamente seis milhões de pessoas contaminadas com este parasita. O país gasta milhões de reais por ano para tratar estas pessoas e que, após serem curadas são reinfectadas pois as condições de saneamento onde moram são as mesmas, ou seja, não existe. É o famoso “chover no molhado”.

Saneamento nas comunidades rurais é perfeitamente viável pois o sistema ideal para ser implantado nestes locais é o descentralizado de baixo custo e alta eficiência, processo capaz de eliminar os ovos deste parasita. Não podemos pensar em um crescimento e desenvolvimento sustentável sem pensar na nossa população rural abandonada pelo poder público.


NEGLECTED TROPICAL DISEASES


Schistosomiasis is a disease occurring in tropical regions that originated in Africa, in the eastern region of the Mediterranean and that during the period the trafficking of slaves, landed in the Americas. Currently it is identified in several regions: the Caribbean, Venezuela and especially Brazil. Currently, there is a disease in almost all states of Brazil, but more alarming situation are the states of the Northeast and Southeast, in the North, Northwest and Eastern Minas Gerais State. In some rural areas the incidence of the disease reaches 90% of the population. This is because it affects poor people without availability of sanitation.
The worm called Schistosoma, need to go through various stages and phases to develop and complete its cycle. For this you need two partners, also called hosts, very important: the snail that lives in rivers and lakes and man. Without them the cycle is not completed. In the young larval stage the Schistosoma invades the snail's body and stays there for a few months developing. After this period the thousands of parasites, called cercariae, they leave the snail body, larger and more developed, the next ready to invade host which can be mammals and birds, but its main host is man. When an adult citizen or unsuspecting children enter the water from rivers or lakes contaminated these parasites penetrate the skin, falling into the blood stream, and then, a hug!
They begin the colonization of the man's body, his internal organs, mating and producing eggs that are released in the faeces of man. These eggs, if released the waters of rivers and lakes, start a new cycle. Meanwhile the infected person suffers from parasite infection symptoms such as fever, diarrhea, vomiting worsening over time with the swelling of various internal organs like the liver may also suffer internal bleeding. How smart he parasite rarely kills its host remaining for long periods and people are weak after weak, unable to perform his duties as work and study.
But how to solve the problem? Sanitation! The big problem found in the inner cities and rural communities that do not have potable or treated water supply, where its sewage is discharged directly into rivers. In these communities the water of the rivers without treatment are used for bathing, washing clothes, drinking and dump their wastewater, especially those contaminated faeces. In Brazil there are about 26 million people living in areas at risk and about six million people infected with this parasite. The country spends millions of dollars per year to treat these people and that, after being cured are reinfected because the sanitary conditions in which they live are the same, that is, there is. It is the famous "rain in the wet."

Sanitation in rural communities is perfectly feasible for the ideal system to be deployed in these places is the decentralized low-cost, high efficiency, process able to eliminate the eggs of this parasite. We can not think of a sustainable growth and development without thinking of our rural population abandoned by the government.

sábado, 8 de agosto de 2015

A GESTÃO PÚBLICA E A QUALIDADE DE VIDA NAS CIDADES (PUBLIC MANAGEMENT AND THE QUALITY OF LIFE IN CITIES)

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Extra! Uma empresa de consultoria da Inglaterra realizou um estudo sobre a qualidade de vida em centenas de cidades pelo mundo levando em consideração diversos aspectos com o sistema de saúde, transporte público, meio ambiente, segurança, estabilidade política e outros trinta itens. Em quinto lugar ficou a cidade de Vancouver no Canadá, em quarto lugar, Munique na Alemanha, que por sinal, emplacou mais duas cidades entre as dez melhores: Frankfurt em 7º lugar e Dusseldorf em 6º lugar. Bem, voltando as melhores, terceiro lugar para a cidade de Auckland localizada na Nova Zelândia; segundo lugar para Zurique na Suíça e, finalmente, a melhor cidade do mundo em qualidade de vida para a sua população é Viena na Áustria. Dentre as cidades brasileiras, a que ficou melhor ranqueada foi Brasília em centésimo nono lugar (109º), seguido do Rio de Janeiro em centésimo, décimo nono (119º) e São Paulo em centésimo, vigésimo lugar (120º).
Por que será que a nossa melhor cidade em qualidade de vida está entre as piores?  Vamos a outras informações importantes para explicar este fato. Pelo quinto ano seguido o Brasil aparece como um dos países que mais cobra impostos no mundo e também pela quinta vez seguida, entre as trinta maiores economias do planeta, é o pais que apresenta a pior qualidade de serviços públicos prestados a população em relação a arrecadação de impostos. Este estudo envolveu a avaliação da qualidade de ensino, atendimento na área de saúde pública, segurança e saneamento básico. O país que apresenta o melhor custo benefício do pagamento de impostos é a Austrália. Neste ranking temos a suíça em quarto lugar, o Canadá em sétimo e a Nova Zelândia em oitavo, países que tem cidades entre as dez melhores do mundo em qualidade de vida. E a variável corrupção não entrou no cálculo; se tivesse entrado a nossa situação teria piorado, e muito.
Podemos afirmar que dos 1,5 trilhão de reais que são arrecadados todos os anos em impostos no Brasil, boa parte vai para o ralo devido a corrupção, a má gestão dos recursos como obras inacabadas ou que são refeitas por erro de projetos e investimentos e aos abusos dos poderes da União, Estados e até mesmo municípios  que reajustam seus próprios salários e benefícios com contra cheques gordos que chegam, tranquilamente, a valores muito acima de 100 mil reais em um país onde o salário mínimo não passa de 800 reais.

A gestão dos recursos públicos em nosso país é totalmente irresponsável onde os seus rombos ou déficits são repassados para a população pagar, uma população que não tem mais dinheiro para pagar esta conta criada pelos nossos “gestores” públicos. O Brasil deve repensar a sua gestão pública, política, social e econômica pois estamos caminhando cada vez mais para dentro de um buraco que parece sem fundo. Infelizmente ainda votamos nos candidatos que falam bonito e que tem maior poder de mídia e recursos financeiros. O voto deveria ser dado para candidatos com históricos verdadeiros de participação pública e seriedade em processos de gestão. Espero que nas próximas eleições, beijo em criancinha,  abraço em idoso e beber cachaça no boteco da favela não seja o único motivo para achar que o candidato é o ideal.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

COMENDO E MORRENDO (EATING AND DYING)

Foi comprovado o que já sabíamos há muito tempo: estamos sendo envenenados e morrendo lentamente. Diferente de outras áreas, a agricultura pode causar a contaminação e morte de um grande número de pessoas. Um médico, por exemplo, quando comete um erro na mesa de cirurgia causa a morte de uma pessoa. Na engenharia, um prédio que cai pode causar a morte de dezenas de pessoas, mas na agricultura, um agrotóxico pulverizado de forma errada, não respeitando o seu processo de segurança pode causar a morte lenta e dolorosa de milhares de pessoas. Alguns agrotóxicos quando ingeridos em excesso induzem a formação de tumores e cânceres ao longo dos anos e quando são detectados nem imaginamos que a sua causa pode ser de origem alimentar, principalmente por não termos base histórica para provar as teorias já que a ingestão do veneno foi lenta e gradual

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária cita nos seus relatórios o estudo de contaminação dos alimentos por agrotóxicos. Os produtos foram coletados nos mercados, ou seja, nos pontos de aquisição do consumidor. A primeira parte do estudo mostra que, das vinte culturas analisadas, em quinze foram encontrados agrotóxicos que estão em processo de reavaliação toxicológica por conta dos seus efeitos negativos para saúde humana. Muitos agrotóxicos estão sendo reavaliados no Brasil porque em vários países eles já foram banidos há muito tempo. Foram identificados, por exemplo, nos frutos de pepino e pimentão contaminação por endossulfan, cebola e cenoura contaminados por acefato e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados por metamidofós. O problema aumenta quando verificamos o número de amostras com elevada presença de agrotóxicos: no caso do pimentão, 80% das amostras coletadas no mercado apresentaram algum tipo de problema com os agrotóxicos, uva 56,4%, pepino 54,8% e morango 50,8%. O produto que apresentou menor grau de contaminação foi a batata com 1,2% das amostras. Foram coletadas 3.130 amostras com 29% delas apresentando algum tipo de irregularidade.
O grande problema é encontrado nas frutas e produtos hortícolas onde a aparência é fundamental e que são consumidos in natura. Para evitar que pragas e doenças danifiquem a aparência do produto, a carga de agrotóxicos na lavoura, em muitos casos, é muito maior do que a recomendada. O que fazer? Recomendações da ANVISA indicam que o consumidor deve optar por produtos com origem conhecida, mas o nosso sistema de rastreabilidade dos produtos praticamente não existe. O estudo incluiu a rastreabilidade dos produtos e em 64,9% das amostras a agência conseguiu rastrear apenas até o distribuidor, ou seja, quem produziu? Como produziu? Comemos frutas e verduras como se fosse uma loteria, sem saber da sua origem ou se está contaminado. Em alguns casos, até mesmo produtos considerados orgânicos são suspeitos, pois quem nos garante que ele foi cultivado organicamente?
Infelizmente, a falta de regulamentação em relação a produção de alimentos no Brasil nos coloca a mercê de agricultores que por má fé ou ignorância põe em risco a vida de milhares de pessoas, consumidores que, sem saber, pensam estar fornecendo a sua família uma alimentação saudável, mas que na realidade podem estar criando sérios problemas de saúde no futuro.