sexta-feira, 20 de maio de 2016

CAPITALISMO SELVAGEM X CAPITALISMO SUSTENTÁVEL

CAPITALISMO SELVAGEM X CAPITALISMO SUSTENTÁVEL


Ser produtivo, desenvolver a agricultura, a pecuária, a indústria, gerar trabalho e renda, investir em infra estutura básica, melhorar a qualidade de vida da população e, paralelo a tudo isto, proteger e recuperar o meio ambiente. Temos diante de nossos olhos uma equação complexa, difícil de resolver, mas não impossível. Toda a atividade econômica, obviamente,  deve ser rentável aos seus proprietários e acionistas, mas não pode estar dissociado  da qualidade de vida  e da renda de seus funcionários, seus familiares,  das comunidades próximas  e que são impactadas diretamente pelas suas atividades, do meio ambiente, sempre muito impactado  pelos sistemas produtivos e dos impostos que, teoricamente, são revertidos para o benefício do Estado e da Nação. Mas como as empresas dependem do faturamento para efetivação destas várias ações, elas dependem da oscilação  dos valores  dos seus produtos no mercado interno e externo, das variações das taxas de câmbio, do preço da matéria prima além de outros fatores de menor peso. Dentre estes diversos aspectos, a ponderação da empresa sob a tutela e fiscalização do Estado devem ser integradas e discutidas  visando os ganhos financeiros do empregador, dos empregados, os ganhos sociais das comunidades e os ganhos ambientais.
Vamos analisar o exemplo da mineradora Samarco. A maior tragédia ambiental mundial causada  por uma mineradora que apresentou um lucro líquido em 2014 de R$ 2,8 bilhões. Os investimentos na prospecção, extração, tratamento e transporte do minério são elevados e de alta tecnologia, visando uma exploração mais eficiente, mas o sistema de deposição dos rejeitos  é o mesmo de décadas atrás ou, séculos. Onde estão os estudos  e a implantação de projetos de reaproveitamento  de rejeitos? Comparando os custos de implantação do saneamento básico de todas as cidades da bacia do Rio Doce em relação a coleta e tratamento de esgoto e construção de aterros sanitários com o lucro líquido da empresa em um único ano levamos um susto. O custo estimado para sanear a bacia do Rio Doce está em torno de 1,5 bilhão de reais, quase a metade do lucro líquido total da empresa em 2014.  Por conta da falta de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de aproveitamento de resíduos, a empresa agora irá gastar algo em torno de R$ 20 bilhões para recuperar a bacia e ressarcir os danos causados as populações. Imaginem se existisse uma política adequada na empresa para uso do rejeito como matéria prima para processos produtivos. Dez por cento do dinheiro que eles irão gastar para tentar voltar a situação anterior a tragédia já seria o suficiente para sanear toda a bacia.

O nosso atual sistema desenvolvimentista e capitalista baseado  em lucros exorbitantes e deficiência de investimentos em tecnologia industrial precisa de mudanças urgentes para deixarmos de ser considerados uma mera colônia fornecedora de mão de obra e recursos naturais.

quarta-feira, 30 de março de 2016

DESASTRE AMBIENTAL PREVISÍVEL PELO USO DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS



  

Duas agências americanas que monitoram o clima no planeta, a Noaa e a Nasa informaram que 2015 foi o ano mais quente já registrado no planeta desde o início das medições em 1880, há 136 anos. Os céticos poderiam falar que foi devido, não a atividade humana mas aos fatores climáticos como o El Ninho, afinal, o que ocorre neste período está entre os três mais intensos já registrados.  Mas o recorde anterior de temperatura ocorreu em 2014, um ano antes. Coincidência? Talvez. Mas para os defensores das mudanças climáticas a informação a seguir tem muito peso. Segundo estas agências que monitoram o clima, dos 16 registros de anos mais quentes da história, 15 ocorreram em pleno século 21, ou seja, entre ao anos de 2000 e 2015, o outro ano de recordes de temperatura foi em 1998, não muito distante do século 21. E as previsões dos cientistas para 2016 são de novo recorde de temperatura global com tendência de alta.
Na pesquisa das condições climáticas do planeta temos duas situações. O registro do que já aconteceu e o que poderá acontecer, no futuro. A previsão são fatos climáticos  que poderão acontecer. Não é bola de cristal, mas tem fundamento nos fatos climáticos que já aconteceram. Apesar disto não existe total certeza de que irá acontecer. Já os fatos climáticos que aconteceram são indiscutíveis e não tem como mudar. Então podemos afirmar que, nas últimas décadas a temperatura global do planeta tem subido anualmente. Este aquecimento da atmosfera altera o ciclo das águas no planeta com chuvas cada vez mais intensas e períodos de estiagem e secas mais prolongados.
Claro que o El Ninho, evento climático que aquece as águas do Oceano Pacífico e bagunça o clima do planeta interfere no clima global, mas a ação do homem também é muito intensa e contribui paras este aquecimento. Vamos imaginar o planeta queimando anualmente 33 bilhões de barris de petróleo. Em litros estes valores passam para cinco trilhões ou dois milhões de piscinas olímpicas. O carvão mineral também é extraído das profundezas da terra para ser queimado gerando energia. Em 2013 foram minerados quase oito bilhões de toneladas. As reservas estimadas de petróleo no mundo são de 1,3 trilhões de barris e de carvão mineral, 1,2 trilhão de toneladas. Imaginem toda esta quantidade queimada ao longo dos anos liberando bilhões de toneladas de gases na atmosfera e principalmente o CO2, causador do efeito estufa.

As políticas energéticas mundial devem ser mudadas urgentemente, sob pena de pagarmos um preço alto pela nossa poluição atmosférica. Muitos países estão readequando as suas políticas energéticas, mas ainda é pouco, considerando que os maiores poluidores do planeta, a China e os Estados Unidos pouco fazem para mudar este quadro. Esperamos que estas reuniões mundiais sobre o clima que acontece anualmente em algum lugar do mundo não seja apenas pretexto para dirigentes e integrantes de organizações públicas e privadas fazerem turismo e postar selfies nas redes sociais.

domingo, 6 de março de 2016

O VÍRUS DA ZIKA CONSEGUIRÁ EXTINGUIR UMA NAÇÃO?

   

A história mostra ao longo da ocupação humana na face da terra que muitas populações foram extintas ou abandonaram totalmente determinadas regiões devido a insetos vetores de doenças e as próprias doenças. A peste negra, a gripe espanhola e outras doenças que dizimaram populações na Europa e também no Brasil. Agora temos mais um vírus, o Zika, aterrorizando a população brasileira, principalmente as mulheres. Duas notícias sobre as pesquisas com o vírus, que ainda precisam ser confirmadas com mais precisão, são assustadoras: primeiro, ao que parece, o pernilongo comum, presente em maior quantidade no ambiente brasileiro que o Aedes, o mosquito da dengue, também pode transmitir o vírus Zika. Caso seja confirmado podemos afirmar que, em pouco tempo, quase toda a população brasileira passará pela experiência de adquirir o vírus da Zika. E devemos lembrar que o vírus, após se estabelecerem no organismo humano, ficará para sempre. Mas, a notícia mais estarrecedora e dramática foi noticiada recentemente: Experimentos em laboratório realizado por pesquisadores brasileiros indicaram que o vírus da Zika tem capacidade para infectar e matar células do sistema nervoso do embrião humano. Segundo os pesquisadores a ação deste vírus no embrião, na sua fase inicial, poderia levar a sua morte e o aborto enquanto, se esta infecção ocorrer mais tardiamente causaria anomalias no desenvolvimento do sistema nervoso do feto e a microcefalia. Devemos sempre lembrar que são estudos preliminares onde qualquer afirmação seria falsa, mas os indícios caminham para esta conclusão.
Caso seja realmente confirmada, provavelmente teremos uma mudança drástica de comportamento das mulheres e dos casais mais jovens no Brasil. Nas últimas décadas a pirâmide etária do Brasil alterou-se drasticamente. No século passado, na década de sessenta, as mulheres tinham, em média, mais de três filhos. O ultimo censo brasileiro mostrou que este valor caiu para menos de 1,5 filho por casal. Esta mudança de comportamento das famílias ocorreu por vários fatores como ajustes orçamentários, educação, qualidade de vida e a mudança de paradigma da própria mulher. Com isto, a nossa pirâmide etária que tinha uma base larga, ou seja, uma grande população de jovens, mudou. Agora a base é estreita, com poucos jovens. A maior parte da população brasileira está com idade entre 20 e 40 anos e envelhecendo. O provável estrago causado por este vírus está fazendo muitas famílias repensarem os filhos com medo do risco do aborto e da microcefalia. A nossa população jovem diminuirá drasticamente  com as famílias tendo cada vez menos filhos, ou até mesmo abrindo mão deles, ou seja, não ter filhos. Com isto a população envelhecerá, morrerá e tenderemos a uma diminuição da população com as mortes superando os nascimentos.

O Brasil depende mais do que nunca dos seus pesquisadores virologistas para tentar conter o avanço deste vírus descobrindo o seu mecanismo de ação no organismo humano e desenvolvendo vacinas para o seu controle. Mas não podemos esquecer da nossa parte: sem mosquito, sem vírus. 




sábado, 20 de fevereiro de 2016

O VÍRUS, O MOSQUITO E A MUTAÇÃO DO SER HUMANO


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O Brasil está assustado, o mundo está assustado. No país um pequeno mosquito está transmitindo diversos vírus causadores de doenças. Antes a preocupação estava concentrada no vírus da dengue e nas suas variações que surgem a cada ano e cada vez mais agressivas, mas agora outros vírus estão também sendo transmitidos a reboque do mosquito Aedes, sendo o mais grave, o vírus Zika. Não por causar mortes diretamente, mas por causar graves danos ao sistema nervoso do ser humano podendo levar a paralisia e, o que as evidências indicam, atingir o feto durante o seu processo de formação causando a microcefalia, uma redução do desenvolvimento do cérebro da criança. Os estudos também estão indicando que este vírus  pode ser transmitido também pela saliva e pelo ato sexual.  Os pesquisadores da área de genética estão mapeando os genes dos vírus e comparando com o material genético do mesmo vírus, mas de locais diferentes do mundo para tentar explicar porque determinados problemas acontecem no Brasil e não acontece em outros locais do planeta, e vice versa. Os virologistas do planeta estão unidos para tentar conhecer melhor o vírus, o seu modo de ação para poderem criar mecanismos de proteção para as pessoas, as vacinas. Mas será uma batalha dura, árdua e constante.
E o vírus nesta história? Este pequeno ser tem uma capacidade extraordinária de adaptação e mutação.  Se umas portas são fechadas eles procuram outras para entrar no organismo.  É como um bandido  tocando o interfone e alterando a voz para tentar ter acesso a sua casa. Quando você vai atender já é tarde. Você procura melhorar o seu sistema de segurança com câmeras e outros dispositivos, mas o  assaltante vai desenvolver outros meios para tentar entrar na sua casa. E quanto mais vacinas e drogas são desenvolvidas para o seu controle, maior é a pressão do ambiente  forçando a sua mutação. A vacina da gripe, por exemplo, não é garantia de não pegar mais gripe, afinal, milhares e milhares de diferentes vírus responsáveis pela gripe estão surgindo pela própria pressão do meio ambiente, todos os anos.
A população mundial cresce a cada dia e o planeta esta cada vez mais habitado pelo homem. Vivemos em espaços apertados e aglomerados, no ônibus, nos escritórios, nos shoppings. Sem saber trocamos fluidos frequentemente nestes ambientes, principalmente pelo ar ou pelo aperto de mão e aí, o vírus que está no seu organismo e que você não sabe, passa para outro individuo. Com a globalização e a facilidade dos transportes pelo mundo, os vírus podem se espalhar facilmente para os cinco continentes. Filmes de ficção com epidemias mundiais, doenças e até com pessoas sendo transformadas em zumbis tem um principio teórico científico muito consistente. Não podemos depositar todas as nossas fichas esperando uma vacina milagrosa produzida pela ciência para salvar o mundo, temos que fazer a nossa parte. Só eliminando o mosquito e seus focos de reprodução, grande parte dos nossos problemas virais estaria resolvido. Pense nisto.


sábado, 9 de janeiro de 2016

A NOSSA LAMA DE TODO DIA




E a lama continua o seu caminho em direção ao mar. A ultima informação, não necessariamente verdadeira, é que ela chegou ao litoral baiano, na região de Abrolhos. O que nós podemos afirmar com certeza, é que a lama continua se deslocando da região do desastre seguindo seu curso, natural na bacia do Rio Doce: Rio Gualaxo, rio do Carmo, rio Doce e finalmente o mar. Ainda há muito material depositado na região de Mariana que continuará o seu percurso com as chuvas. O rio Doce contínua com um elevado índice de particulados em suspensão na água, deixando-o com aspecto barrento; muito barrento, comprometendo a qualidade das águas para a vida dos peixes, das plantas aquáticas e o abastecimento humano. Mesmo com as novas tecnologias de tratamento da água para abastecimento público, muitos cidadãos de várias cidades, principalmente a maior da bacia, Governador Valadares, estão com medo de consumi-la, mesmo com os diversos laudos oficiais atestando a qualidade da água tratada. Será que podemos culpa-los? E a Samarco? Ações voltadas para as questões sociais como as ajudas de custo aos moradores que perderam tudo na tragédia na região, reassentamentos, ajuda de custo aos pescadores, dentre outras ações sociais estão sendo realizadas, mas e as questões ambientais?  Por quanto tempo mais as partículas rejeitadas pela mineração continuarão a descer o Rio Doce? Teremos que nos acostumar com esta nova realidade, ou seja, que o Rio Doce agora tem a cor barrenta em definitivo? 
A Samarco deve iniciar imediatamente a estabilização dos rejeitos naquela região onde encontramos a sua maior deposição. O material é totalmente instável, adensado e suas partículas sem qualquer tipo de agregação. Qualquer chuva na região da tragédia em Mariana terá o movimento das suas águas pela superfície devido a dificuldade de infiltração da água, levando toneladas de partículas soltas, principalmente as mais finas, para os rios e para o mar. É preciso apostar nas plantas. Apesar das características totalmente adversas deste resíduo, as plantas e suas raízes são o único caminho para a busca do reequilíbrio ambiental na região, tornando estas partículas de rejeitos em solos verdadeiros, evitando o seu deslocamento para os rios e o comprometimento da bacia. Temos tecnologia para isto. Sabemos como manejar as plantas para que agreguem estas partículas soltas evitando que as águas das chuvas as levem. Não podemos pensar em recuperar o litoral capixaba sem recuperar a raiz do problema, na região da barragem. A partir desta ação inicial poderemos pensar em como retirar estes milhões de toneladas de material de rejeito que estão depositados no fundo dos rios e nas represas das hidrelétricas.  

Dois meses se passaram e percebo que faltam ações em relação às questões ambientais. A empresa está demorando para agir, por que será? Até quando vamos observar os rejeitos da mineração cruzar mais de 700 quilômetros de rios, se espalhar pelo mar e comprometer os nossos biomas?