No artigo anterior descrevemos sobre as informações técnicas e estatísticas que validam uma pesquisa eleitoral. Neste artigo vamos comentar sobre um ponto extremamente importante: a coleta dos dados.
No Brasil temos informações de todos os tipos. As informações são coletadas por diversos órgãos como IBGE, Fundação João Pinheiro, dentre outros. Estas informações são extremamente importantes em vários aspectos, principalmente no direcionamento das políticas públicas, mas no caso das pesquisas eleitorais, servem como base para saber o que as pessoas estão pensando sobre os candidatos. Graças ao censo e a outras pesquisas amostrais sabemos com grande precisão quantos homens e mulheres existem no país e são eleitores, as idades, escolaridade, rendimento, onde mora, se é atendido pelas políticas públicas, dentre outras diversas variáveis. Esta segmentação de informações torna-se importante no momento de definir quantas pessoas serão entrevistadas em cada grupo. Por exemplo, se temos mais pessoas, eleitores, na classe C em relação a classe A, a proporção de pessoas que serão entrevistadas na pesquisa deverá ser maior da classe C em relação a classe A. Esta divisão também deverá ser respeitada em relação aos demais fatores como sexo, idade e escolaridade.
Com o quadro de grupos de pessoas definido, os pesquisadores definem as regiões do Brasil onde serão selecionados os entrevistados. Na região Sudeste, por exemplo, onde temos a maior densidade populacional do Brasil, teremos o maior número de entrevistados, respeitando-se a proporção também para as demais regiões e estados. Com tudo definido, os funcionários dos institutos de pesquisa iniciam a coleta das informações em campo e é aí que os problemas começam.
As avaliações dos candidatos pelas pessoas, principalmente pelas de baixa renda e escolaridade, grupo que predomina no Brasil, tende a apresentar um caráter pessoal. Por exemplo, grupo de pessoas da classe D e E que recebem o bolsa família e o grupo que não recebe, ou o grupo de pessoas que receberam casas do programa minha casa minha vida e o grupo que não recebeu. Estas pessoas tendem a ter opiniões distintas em relação ao candidato que está no poder ou de um candidato que já foi gestor público e que, de uma forma direta contribuiu ou não para a sua melhoria de vida. A maioria dos eleitores brasileiros não estão interessados em saber se fulano ou sicrano é corrupto, mas se tem água tratada na sua torneira, rede de esgoto, escola para as crianças, posto de saúde com médico para atender aos doentes, ajuda financeira no banco para alimentação, dentre outros pontos que interferem diretamente na vida do cidadão. Isto fica claro quando vemos um candidato a governador que foi flagrado recebendo dinheiro ilícito em um evidente ato de corrupção e que está na frente das pesquisas eleitorais deste mesmo estado, ou como escutamos durante décadas a respeito de um gestor do Estado de São Paulo onde a frase mágica das pessoas era: “ele rouba mas ele faz”.
As pesquisas eleitorais realizadas de forma séria, técnica e idônea são confiáveis e realmente refletem uma realidade de momento em relação aos eleitores, mas muitas não são. Por isto, devemos sempre confiar, desconfiando.
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