OS ALIMENTOS, A CRISE E O POVO BRASILEIRO
Artigos, textos e entrevistas do autor sobre os diversos assuntos que envolvem o meio ambiente, saúde e qualidade de vida dos habitantes deste fantástico planeta chamado terra.(Articles, texts and author interviews on the various issues involving the environment, health and population life quality of this amazing planet called earth)
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
sábado, 9 de janeiro de 2016
A NOSSA LAMA DE TODO DIA
E a lama continua o seu caminho em direção ao
mar. A ultima informação, não necessariamente verdadeira, é que ela chegou ao
litoral baiano, na região de Abrolhos. O que nós podemos afirmar com certeza, é
que a lama continua se deslocando da região do desastre seguindo seu curso,
natural na bacia do Rio Doce: Rio Gualaxo, rio do Carmo, rio Doce e finalmente
o mar. Ainda há muito material depositado na região de Mariana que continuará o
seu percurso com as chuvas. O rio Doce contínua com um elevado índice de
particulados em suspensão na água, deixando-o com aspecto barrento; muito barrento,
comprometendo a qualidade das águas para a vida dos peixes, das plantas
aquáticas e o abastecimento humano. Mesmo com as novas tecnologias de tratamento
da água para abastecimento público, muitos cidadãos de várias cidades,
principalmente a maior da bacia, Governador Valadares, estão com medo de
consumi-la, mesmo com os diversos laudos oficiais atestando a qualidade da água
tratada. Será que podemos culpa-los? E a Samarco? Ações voltadas para as
questões sociais como as ajudas de custo aos moradores que perderam tudo na
tragédia na região, reassentamentos, ajuda de custo aos pescadores, dentre
outras ações sociais estão sendo realizadas, mas e as questões ambientais? Por quanto tempo mais as partículas
rejeitadas pela mineração continuarão a descer o Rio Doce? Teremos que nos
acostumar com esta nova realidade, ou seja, que o Rio Doce agora tem a cor
barrenta em definitivo?
A Samarco deve iniciar imediatamente a
estabilização dos rejeitos naquela região onde encontramos a sua maior deposição.
O material é totalmente instável, adensado e suas partículas sem qualquer tipo
de agregação. Qualquer chuva na região da tragédia em Mariana terá o movimento
das suas águas pela superfície devido a dificuldade de infiltração da água,
levando toneladas de partículas soltas, principalmente as mais finas, para os
rios e para o mar. É preciso apostar nas plantas. Apesar das características
totalmente adversas deste resíduo, as plantas e suas raízes são o único caminho
para a busca do reequilíbrio ambiental na região, tornando estas partículas de
rejeitos em solos verdadeiros, evitando o seu deslocamento para os rios e o
comprometimento da bacia. Temos tecnologia para isto. Sabemos como manejar as
plantas para que agreguem estas partículas soltas evitando que as águas das
chuvas as levem. Não podemos pensar em recuperar o litoral capixaba sem
recuperar a raiz do problema, na região da barragem. A partir desta ação inicial
poderemos pensar em como retirar estes milhões de toneladas de material de
rejeito que estão depositados no fundo dos rios e nas represas das
hidrelétricas.
Dois meses se passaram e percebo que faltam
ações em relação às questões ambientais. A empresa está demorando para agir,
por que será? Até quando vamos observar os rejeitos da mineração cruzar mais de
700 quilômetros de rios, se espalhar pelo mar e comprometer os nossos biomas?
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